História

A atual denominação e organização funcional do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (NOTAER) da Secretaria Casa Militar surgiu no ano de 2003, por força de dispositivo legal que reorganizou a aviação Estadual no Espírito Santo (Decreto nº 1137-R).

Entretanto, o início das operações aéreas no estado do Espírito Santo remonta ao ano de 1992, com a criação informal do Grupamento de Rádiopatrulhamento Aéreo (GRAer). Antes de abordar a criação e crescimento do GRAer, é importante relembrar o contexto histórico do início da aviação de asas rotativas operada pelo Governo do Espírito Santo.

No ano de 1986, o Governo do Estado adquiriu e passou a empregar um helicóptero Esquilo (modelo AS 350) versão B, de prefixo PP-EIO, no transporte de autoridades governamentais. Para operar a aeronave foi contratado um piloto civil, além de um mecânico de aeronaves.

Em 1987 se iniciou uma nova gestão governamental e o então Secretário Chefe da Casa Militar demonstra interesse em incluir policiais militares nos voos com o governador.

Somente em 1989, entretanto, o então Tenente PM Carlos Eduardo Marques Magnago, pioneiro na aviação policial capixaba, foi designado a realizar o curso de Piloto Privado de Helicóptero (PPH). O oficial, que havia ingressado na aviação um ano antes, como Piloto Privado de Avião (PPA), é enviado ao Estado de São Paulo para realizar o curso de PPH numa escola de aviação privada.

Após o curso o oficial passa a compor a tripulação dos voos governamentais acompanhando o piloto civil, inicialmente na função de observador e logo em seguida como copiloto do helicóptero PP-EIO.

O então Tenente Magnago atuou como copiloto do comandante civil da aeronave entre o final de 1989 e meados de 1991. Apesar de não ter tido muitas oportunidades de exercer a pilotagem da aeronave, a função permitiu ao oficial contribuir sobremaneira no processo de convencimento das autoridades governamentais, especialmente do governador eleito para o período de 1991 a 1995, sobre a importância e necessidade do emprego da aeronave nas crescentes demandas de segurança pública e defesa civil do Estado.

A idéia é aceita e partir de 1992 a responsabilidade de operação da aeronave é transferida, inicialmente, para a Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), sendo este o marco inicial das atividades do GRAer. A partir de então o PP-EIO passou a realizar, além do transporte de autoridades, missões policiais e de defesa civil. Tal mudança do operador da aeronave, do Governo do Estado para a PMES, também ampliou as possibilidades de operação nas missões de transporte de autoridades, ao passo que embasou legalmente as operações em locais conhecidos como áreas de pouso eventual e em locais não homologados. Também passaram a ser permitidos o embarque e o desembarque de passageiros com a aeronave em funcionamento, uma vez que tais condições especiais, por força de legislação, são apenas concedidas às aeronaves conduzidas por órgão de segurança pública e/ou defesa civil.

Tais concessões da legislação aumentaram as opções de pouso próximo aos locais de eventos governamentais, principal utilização da aeronave em missões de transporte de autoridades naquela época. Isso reduziu os tempos de deslocamento para tais atividades, pois os trajetos passaram a ser feitos quase em sua totalidade por via aérea. Dessa forma, vinculado à Secretaria da Casa Militar e operado pela PMES, por meio do recém-criado GRAer, o helicóptero iniciou as missões ainda com as cores da bandeira do Estado. Em seguida teve sua fuselagem pintada com as cores e o nome da Polícia Militar, além de receber o designativo “Harpia 01”.

Esse designativo, prática comum às aeronaves dos grupamentos aéreos policiais e militares em todo o mundo, faz referência a uma das maiores aves de rapina do mundo, também conhecida como gavião-real.

Em seu início o GRAer se instalou no Quartel do Comando Geral (QCG) da PMES, em São Cristóvão, Vitória, ocupando uma pequena sala no pavimento térreo do prédio do então Comando de Polícia da Capital (CPC), com o efetivo de dois pilotos, dois tripulantes e dois mecânicos, sendo um militar e outro civil, além de um motorista.

No fim da década de 90 do século passado iniciou-se a construção do Hangar no QCG, período em que o GRAer utilizou o Aeroclube de Vila Velha como base operacional, sendo constatado ser mais viável concluir o projeto de uma sede própria. Em fevereiro de 2002 foi concluído o Hangar no QCG, que recebeu o nome Coronel PM Cícero Dantas, sendo até hoje a base administrativa e operacional do NOTAER.

A expansão e consolidação do GRAer teve como marco a aquisição da segunda aeronave, em 1998, um Esquilo AS350 versão B2, de prefixo PP-EMH, que recebeu o designativo “Harpia 02”.

A chegada do segundo helicóptero permitiu o fortalecimento das atividades aéreas pela PMES e requereu a formação de novos pilotos, tripulantes operacionais e principalmente a ampliação e o aperfeiçoamento das operações policiais e resgates aéreos. Logo que chegou ao Estado, o Harpia 02 participou de missões de combate à incêndio, utilizando o equipamento para captação de água chamado helibalde.

O batismo do Harpia 02 foi em um combate à incêndio no Mestre Álvaro, formação montanhosa no município de Serra-ES. Mas a missão mais notável ocorreu no mês de outubro daquele ano, quando os Harpias 01 e 02 combateram um incêndio de grandes proporções que devastava a reserva ambiental do município de Sooretama, no norte do Estado. Os helicópteros do GRAer voaram um total de 216 horas naquela operação, durante aproximadamente um mês de combate ininterrupto ao referido incêndio.

Outra conquista possibilitada pela chegada do segundo helicóptero foi a organização de treinamentos e cursos, com destaque para os de formação de Tripulantes Operacionais, num total de três, ocorridos nos anos de 1998, 2003 e 2008. Nestes cursos foram habilitados um total de 40 tripulantes, integrantes das Polícias Militares do Espírito Santo (PMES), Goiás (PMGO), Distrito Federal (PMDF), Rio Grande do Norte (PMERN), Mato Grosso (PMMT), Mato Grosso do Sul (PMMS) e do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES), além do Exército Brasileiro.

Também foi possível contribuir com a capacitação como piloto policial de oficiais de Polícias e Bombeiros Militares de outros Estados, como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Sergipe e Paraíba.

Em 2003, com o início de uma nova gestão governamental, ocorre a reorganização da aviação estadual, por meio do Decreto nº 1137-R, de 11 de março de 2003, com a transformação do GRAer  em NOTAER, a partir de então subordinado à Secretaria da Casa Militar, o que promoveu a imediata integração entre todas as forças estaduais de segurança pública e defesa civil, quais sejam polícia militar, polícia civil e corpo de bombeiros militar.

Com a mencionada integração, vem também o fortalecimento do caráter multimissão do NOTAER, que executa todas as atividades relacionadas a esses órgãos, além de apoio ao SAMU, ao IEMA, ao DETRAN, etc.

Em maio de 2007, o Governo do Estado celebra contrato de comodato com a então Companhia Vale do Rio Doce (atualmente Vale), onde recebe por um período de dez anos um helicóptero biturbina, modelo BK 117 C1, que recebe o designativo “Harpia 03”. Tal aeronave possui grande espaço interno e potência disponível, possibilitando emprego em diversas missões de resgate e ampliação da capacidade do transporte de passageiros.

Em 2008, por meio de um acordo firmado entre o Governo do Estado e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), é incorporado à frota do NOTAER um helicóptero modelo Schweizer 300 CBI, que fora adquirido pelo Governo Federal e utilizado nos Jogos Pan Americanos de 2007, realizados na cidade do Rio de Janeiro. A nova aeronave, de prefixo PR-KLS, recebeu o designativo Harpia 04 e passou a ser utilizada para a formação e treinamento de pilotos.

Ao final do mesmo ano, o NOTAER adquire outro Esquilo AS350B2, que recebeu o designativo Harpia 05. O novo helicóptero recebeu o prefixo PP-MES. Na sequência de modernização da frota de aeronaves, em 2014 o NOTAER recebe seu primeiro AS350B3e, um modelo Esquilo com qualidades e características melhoradas, sendo o então PR-ESE denominado Harpia 06. Em 2018 mais duas aeronaves são incorporados ao ninho dos Harpias: outro modelo bimotor, mais moderno e homologado para operações por instrumento, um EC145C2 que recebeu o designativo Harpia 07 e outro AS350B3e, denomiando Harpia 08.

Ao longo de sua história e perto de completar 30 anos, o NOTAER atua incessantemente em prol do cidadão e da sociedade capixaba nas mais diversas missões de resgate, socorro, buscas, policiamento, fiscalização, transporte e tantas outras para as quais é demandado, verdadeiros anjos audazes de asas rotativas.

"EM NOSSAS ASAS, FORÇA E ESPERANÇA!"

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